Às vezes, não é escrever.
Atualizado: 7 de Nov de 2020
Às vezes, não é escrever.
Não são as palavras que resolvem.
Mesmo elas bem arrumadinhas, uma atrás da outra e na frente de uma outra, ainda melhor e mais forte (como sabem fazer muito bem os meus amigos Impostores), mesmo assim, não surtem o efeito dentro de você capaz de resolver o barulho interno.
Às vezes, não é escrever.
É outra coisa.
Esbravejar, talvez?
Empunhar uma bandeira?
Atravessar o Canal da Mancha nadando?
Sei lá.
O que você tem na caixola, muitas vezes, não é pra ser lido.
É pra ser explosivo.
Às vezes, não é escrever.
É um gesto. Um aceno.
É pra arrancar uma gargalhada.
Fazer alguém contrair o abdômen, curvar o corpo, socar a mesa de rir.
Às vezes, não é escrever.
É juntar gente (não numa pandemia, é claro) e cantar uma canção triste, tocar oboé ou dançar uma música alegre.
É não fazer sentido.
É não ser julgado.
O que você tem na mente não é pra postar no Facebook, no Instagram.
É pra poucos, mas atentos.
Enfim.
Às vezes, é escrever que passa.