Corpo desumano.
A boca do estômago disse ao pé do ouvido que a barriga da perna anda chateada.
Essa coisa toda mexe com a cabeça do fêmur e dá um nó no peito do pé.
A cabeça fala pelos cotovelos. Acusa a barriga de antebraço.
A barriga fala pelas costas e acusa a cabeça de anticorpo.
Aí, já viu, né? Sobra pescoção para todo lado.
Palmas para as mãos que não se envolvem nisso.
E para o nariz que não se mete quando não é chamado.
O olho gordo só come e faz tudo nas coxas.
Comentou que o joelho é um crânio e não se dobra por qualquer coisa.
Para não chamar a atenção a cabeça anda na ponta do pé.
Nessas horas é preciso ter pulso, disse uma das orelhas.
A outra, deu de ombros.
Os cabelos e as unhas cresceram e não têm saco para tudo isso.
No fim, a cabeça mandou a barriga tomar naquele lugar.
Os nervos ficaram de aço e a testa, de ferro.
Os pêlos pediram intervenção e estavam armados até os dentes.
Os pulmões não tinham coração e se preparavam para um golpe. De ar.
Outros achavam que o queixo ia cair.
A cintura não quis entrar nesse jogo. A pele sentiu.
No final da história, todo mundo ficou com cara de bunda.