Cotinha e o discurso de Natal.
Atualizado: 24 de Dez de 2020
Natal na casa de minha avó Cotinha, em Itápolis.
Casa pequena na rua de terra vermelha. Grande quintal dominado por goiabeira e cajueiro.
O almoço do dia 25 foi debaixo do pé de goiaba.. Uma grande mesa com meus pais, tios e primos.
Lá pelo meio da tarde avó Cotinha levanta o frágil corpo que esconde o aço de quem, viúva, criou 9 filhos e pede a palavra.
"Meus queridos. Um almoço maravilhoso. Mas vou ser franca: não tenho mais paciência de cozinhar para tanta gente.
Ano que vem, cada um que fique em sua casa. Sozinha, tomo uma canja, leio Dumas, jogo paciência, fumo um Continental e durmo feliz."
Silêncio absoluto só interrompido pelo baque seco de uma goiaba que, caprichosamente, caiu na cabeça de minha tia Cora.
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