Invadiram minha cabeça.
Atualizado: 19 de Out de 2020
Quatro pessoas encapuzadas e armadas invadiram minha cabeça, localizada no extremo norte do meu corpo.
Os bandidos pareciam nervosos e remexeram meus miolos e neurônios em busca de algo.
Não encontraram.
Afirmavam ter informações de que havia coisas valiosas dentro daquele crânio.
Argumentei que, hoje em dia, ninguém guarda coisas valiosas no cérebro.
E que eu, especialmente, passava por um momento difícil, que mal conseguia organizar umas ideias pra escrever nOs Impostores.
Não adiantou. Continuaram remexendo tudo.
Depois de revirarem todo o hemisfério esquerdo, foram para o hemisfério direito.
Em ambos, encontraram um vazio existencial tremendo, o que os deixou ainda mais impacientes e preocupados.
Ameaçaram cortar o córtex do meu cerebelo.
Implorei que não, pois só tinha aquele.
Perguntaram o que, afinal, eu tinha de valor naquela cabeça.
Eu disse que ainda tinha um pouco de preconceito com algumas coisas, e que isso, no Brasil hoje, tinha mais valor.
Disse também que ainda me restava algumas reações violentas, principalmente, quando via meu time jogar mal.
Juntaram o que eles acreditavam ter algum valor numas sacolas e foram embora saltando pelo ouvido direito, até cair no meu ombro e eu perdê-los de vista.
Eu permaneci imóvel.
Percebei que eles levaram o que restava de preconceituoso e violento dentro de mim.
Mesmo encapuzados, consegui ver um pouco da fisionomia deles.
Pareciam 3 irmãos e o outro, mais velho, parecia o pai deles.
Bem, o que restava fazer? Procurei o DP (Departamento de Psicanálise) mais próximo para dar queixa.
Que dor de cabeça, viu?