O baile da máscara.
Atualizado: 13 de Abr de 2020
Apanho a chave do carro, o álcool em gel e a máscara e vou até o sacolão comprar frutas e legumes.
Ao entrar no carro, álcool no volante e máscara no rosto.
Saio tranquilamente em baixa velocidade.
Me aproximo de uma rotatória. Outro carro também se aproxima, mas eu estou mais perto.
Percebo que o sujeito não vai frear.
Então eu freio.
O sujeito, também de máscara, estica o braço para fora da janela do carro, gesticula com uma certa veemência e contorna rotatória antes de mim.
Sujeito mal educado, eu tinha a preferência na rotatória e o cara me xinga dessa maneira.
Não é possível. Deve ter me chamado de babaca… otário…
Não. Acho que ele disse… Seu merda… seu trouxa…
Ou até pior: filho da puta! Vai se foder!
Caramba que cara mal educado. Isso não pode ficar assim.
Acelerei e fui atrás dele. Assim que consegui emparelhar o carro, abaixei o vidro, tirei a máscara e perguntei: - Do que você me xingou mesmo?
O sujeito baixou o vidro do carro, retirou a máscara e disse:
- Eu pedi desculpa porque você tinha preferência na rotatória. Mil perdões...
Em cinco segundos de silêncio eu só consegui pensar em “imagina, não foi nada"
Antes de arrancar com o carro o sujeito me acena com simpatia, me deseja bom dia, eu só penso uma coisa: cuidado, por trás de uma máscara pode haver um sorriso ou um idiota fantasiando um monte de coisa.
(Isso não aconteceu. Foi só o idiota aqui fantasiando essa situação)