Um cão de rua disse adeus.
Atualizado: 23 de Ago de 2020
Faz tempo que ele chegou.
Sempre na mesma ladeira, sobe e desce.
No começo, lépido, briguento e feio.
Agora, só feio.
É um velho cachorro de rua. Um sem-teto.
Os olhos vidraram. As pernas mal aguentam o frágil corpo.
Mas Preto não está sozinho.
Diariamente, 17 horas em ponto, monta guarda na porta de Eliane.
Recebe comida, água, afagos e palavras de carinho.
Mas convidado a entrar, rosna indignado.
Honra o seu título de cão de rua.
O seu lugar é o asfalto, as quebradas, as latas de lixo, as portas dos botecos.
Preto nasceu assim.
E no sábado frio Preto disse adeus. E deixou um vazio nas latas de lixo, nas portas dos botecos, nas quebradas, no asfalto e no coração de muita gente.

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